25/04/23 – Revista Síndico Online
Medição individualizada de água torna o condomínio mais sustentável e traz economia e justiça nas despesas
Em muitos condomínios, a conta de água representa uma parcela bastante significativa das despesas mensais e, neste sentido, a implantação do sistema de medição individualizada por cada unidade é uma saída interessante. Além de mais justa coletivamente, a medida geralmente faz com que a taxa mensal do condomínio caia para todos. O processo envolve a instalação de um relógio separado para cada apartamento ou casa, com cobranças individualizadas, assim como ocorre com a energia elétrica ou gás.
Desde 2021, os novos empreendimentos precisam ser entregues com a medição individualizada do consumo hídrico por unidade imobiliária no país. A medida foi estabelecida pela Lei Federal 13.312/16. Antes disso, alguns municípios já haviam regulamentado a questão, como, por exemplo, Goiânia (pela Lei 8.435/06) e São Paulo (pela Lei 6042/07). No entanto, mesmo quem mora em edificações mais antigas, também pode implementar o sistema por meio de adequações feitas por empresas especializadas na área.
“Em prédios que já estejam prontos para receber os hidrômetros, a instalação em todo condomínio é feita em poucos dias, sem a necessidade de intervenções internas nas unidades. Já nos prédios que necessitam fazer adequações das instalações hidráulicas haverá a necessidade de alguns ajustes internos e a obra pode levar entre dois a quatro dias por unidade”, explica o engenheiro civil e administrador de empresas Fábio Ferro, da Planedo Engenharia.
A empresa faz retrofit hidráulico em prédios novos e antigos para a individualização da medição de água e usa um sistema com tecnologias de ponta, como Internet das Coisas (IoT) e Inteligência artificial, para otimizar todo o processo. “A solução vai muito além da simples individualização e leitura dos hidrômetros. Nosso objetivo é garantir aos condomínios uma maior redução do valor da conta de água e evitar o desperdício. A plataforma de medição inteligente da CAS Tecnologia utiliza recursos de Business Intelligence para realizar as leituras dos hidrômetros de hora em hora, análises do perfil de consumo e gerar alertas de possíveis irregularidades, como possíveis vazamentos. Por meio de um aplicativo, cada condômino consegue fazer a gestão on-line de seu consumo, visualizar a previsão de quanto a conta irá fechar e receber alertas de vazamentos diariamente”, explica.
O especialista comenta que o preço para a implementação varia muito de um projeto para outro, mas em prédios que já estejam preparados, pode ficar entre 400 e 800 reais por unidade. “Em prédios que precisam fazer adequações nas instalações hidráulicas, a obra pode ultrapassar os 3 mil reais por unidade. A maioria dos projetos tem um retorno do investimento entre 12 a 24 meses, prazo muito menor do que investimentos em projetos como energia solar, portaria remota ou mesmo alguns investimentos financeiros”, argumenta.
Condomínio teve queda de 30% no consumo após a medição individualizada
Composto por 256 apartamentos, o Condomínio Península Fit, na Barra da Tijuca, no Rio, implementou a solução de medição individualizada inteligente no ano passado. Em menos de 24 horas após a instalação, foram identificadas 40 unidades com focos de vazamentos. Feitas as ações corretivas e uma mudança no padrão de consumo, foi possível uma redução de 2.000 m³ (2 milhões de litros) de água, economia suficiente para atender 500 pessoas, considerando o consumo per capita de 116 litros por dia, segundo o IBGE.
Síndico do condomínio, Adalberto Martins da Silva conta que a mudança era uma demanda antiga entre os moradores, mas que acabou atrasando por conta da pandemia e levou cerca de dois anos para finalmente sair do papel. “Nosso volume de consumo há cerca de dois anos estava em torno de 7.000 m3/mês. Em fevereiro de 2023, obtivemos uma marca histórica mensal de 4.956 m3, redução de 30%”.
Condomínios antigos também podem ser beneficiados
O Condomínio Jataí, em Copacabana, tem quase 70 anos de construção e também aderiu ao sistema de medição individualizada inteligente. A medida foi tomada pelo síndico, Ricardo Augusto A. Del Castillo, em boa parte por conta dos sérios problemas de vazamento que existiam no local e faziam com que a conta de água ficasse mais cara. Com o longo tempo da construção, alguns banheiros das 20 unidades – todas compostas por quatro quartos – ainda tinham descargas de alta pressão originais e tubulações de ferro.
De acordo com o síndico, a demanda por essa mudança era antiga, principalmente pelos proprietários ou locatários de unidades com poucos moradores. “Ao mesmo tempo, houve dificuldade de convencimento aos outros condôminos e também questões técnicas, já que tínhamos vários ramais de alimentação nas unidades”, comenta.
Logo nos primeiros dias após a mudança, foi identificado que 20% das unidades estavam com vazamento. “A mudança foi feita há três meses e já notamos diferença no comportamento de consumo. A partir da individualização, as unidades passaram a pagar pelo seu real gasto, trazendo, forçosamente, uma conscientização aos perdulários”, explica o gestor.